quarta-feira, 1 de julho de 2009

Dois ou três almoços, uns silêncios.

Faz tempo que eu não escrevo nada, as palavras tem sido uma espécie de "Deus" e eu um crente meio interesseiro que só o busca quando tá "na merda". Eu sou tão piegas e previsível e isso me irrita extremamente, muito extremamente. Dia desses, eu tava sentada , "na merda" e comecei a escrever, não terminei, depois houve algo que me fez tão feliz, ou melhor, tão alegre (acho até clichê falar que felicidade é constante e alegria é efêmera), que acabei não terminando, guardei o papel e a caneta e hoje nesse novo "mergulho na merda", os encontrei ao meu lado. Eu falava, nas poucas palavras que tinha escrito, da relação da minha mudança de um eu-Cazuza pra um Eu-Caio-Fernando-Abreu. Cazuza gostava de viver platonicamente, vivia amando coisas/pessoas inacessíveis, ele não vivia paixões avassaladoras, eram desamores solitários, ele amava e desamava só e adorava mesmo era sofrer. Caio Fernando Abreu, não. Caio vivia, se jogava, ia atrás, não era aquela coisa inacessível, era acessível, bem acessível, mas, as decepções era bem maiores, pois elas existiam. Cazuza sofria pelo amor/paixão que não conseguiu e CFA pelo que perdeu.

"Se todo alguém que ama
Ama pra ser correspondido
Se todo alguém que eu amo
É como amar a lua inacessível
É que eu não amo ninguém
Não amo ninguém
Eu não amo ninguém, parece incrível
Não amo ninguém
E é só amor que eu respiro ". Cazuza

"De mais a mais, eu não queria. Seria preciso forjar climas, insinuar convites, servir vinhos, acender velas, fazer caras. Para talvez ouvir não. A não ser que soprasse tanto vento que velejasse por si. Não velejou. Além disso, sem perceber, eu estava dentro da aprendizagem solitária do não-pedir..." Caio Fernando Abreu.

Entende? É disso que eu tô falando. O Caio ele também ama, talvez, até mais intensamente que Cazuza, mas, ele já sofreu taaaanto. Cazuza fazia o gênero menino, adolescente, que gritava aos quatro cantos a paixão doída. Caio vivia, não gritava e quando passava, ele parecia "sou-forte-seguro-essa-sou-mais-eu", quando ele "sofria litros", acabei de ler algo que me fez pensar aqui, tipo, tudo é tão efêmero, super, altamente... E eu sou tão Caio, hoje.

"Que imensa miséria o grande amor - depois do não, depois do fim - reduzir-se a duas ou três frases frias ou sarcásticas. Num bar qualquer, numa esquina da vida.
Ai que dor: que dor sentida e portuguesa de Fernando Pessoa - muito mais sábio -, que nunca caiu nessas ciladas. Pois como já dizia Drummond, "o amor car(o,a,) colega esse não consola nunca de núncaras". E apesar de tudo eu penso sim, eu digo sim, eu quero Sins".

[Caio Fernando Abreu - Pequenas Epifanias: Extremos da paixão]

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