quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Nunca-amor

Não falarei mais de amor
Essa palavra luxuosa e esnobe
Que me sai tão doce da boca
e me entra
tão dura e espinhosa
no coração já tão amargurado.

Mais que não falar
Não pensarei mais no amor
Não criarei mais fantasias
Não vou me desmanchar com palavras bonitas
e galanteios
Não pedirei a Deus que desta vez seja verdade
Que seja o meu bem
Que eu seja um bem também.

Amor é uma desgraça.
Eu sou desgraçada, toda desgraçada
Tenho tanto amor acumulado
tanto amor não dado
Quando eu decido dar a alguém
É amor demais, é sufocante,
assustador, pavoroso,
nervoso,
paranóico.
É louco e amedronta
o ser/objeto amado.

Mais que não falar
Mais que não pensar
Não vou mais suspirar
Não vou deixar que meus olhos brilhem
E que eu ria sozinha
Daquele jeito...
mordendo o canto dos lábios
e olhando pro nada.

Não simularei situações.
Não esperarei encontros
abraços
beijos
cheiros, você
eu, mãos.
Não sonharei mais.
Não amarei mais.
Nunca!
Nunca mais!
Never more!


terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Desinteressada

Não quero ouvir mais sobre amor
O amor é vergonhoso e frustrante
Eu maldigo todos os tipos de amantes
De todos tenho náusea e pavor.

Quero manter uma natureza fria
Depois de ter feito tanta loucura
Pois nem mesmo na terapia
Eu achei a minha cura.

A você, baby, eu digo
Não vá por esse caminho
Boy, fuja do perigo!
Não ame!

Um dia, tive amor escorrendo pelos poros
Pela boca, pelas mãos...
E depois pelos olhos
Hoje, do amor, eu quero nada!
O que quer que eu tinha de pagar, eu já paguei
Eu aprendi a não-amar
Mas, só Deus sabe o quanto que eu amei.

Não quero fantasias
Quero realidades!
E a realidade é o carma de ser mal-amada
Me acostumei com a minha condição
Já endureci meu coração
E se você ainda quiser me propor algum tipo de paixão
Obrigada, boy, não estou interessada.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

anotações sem sentido, causa e finalidade

É interessante a forma com que as coisas acontecem e deixam de acontecer. Tudo no mundo é relativo, é tudo muito instável. As coisas mudam, as pessoas mudam, a vida acontece, você querendo, ou não. Não concordo com o Renato Russo quando ele diz "a primeira vez é sempre a última chance", as oportunidades são feitas pra você e se não aconteceu daquela vez, vai aparecer pra você de novo. Se não aconteceu, a chance não era sua, era tudo ilusão. Eu pretendia falar de paixão, creio que não tenha fugido tanto do assunto, afinal, ilusão, mudança, pessoas, vida, instabilidade têm tudo a ver- é a ver mesmo e não haver, pelo amor de Deus- com paixão. Eu tava observando o quanto de defeito que aparece depois que ela passa. Paixão é uma doença que afeta toda a razão da criatura, a barreira existente entre o "eu" e o "tu" é quebrada. O eu se quebra todo e se mistura com o tu, o eu quer mais do que TER o tu, o eu quer SER o tu. Ele quer lutar pra chegar a ser, ele quer VIR A SER. De forma alguma eu quero estender uma discussão filosófica sobre paixão, até por que eu não sou profunda conhecedora de Kierkegaard pra tá aqui citando ele. Mas, fica mais simples entender quando a gente lembra que a paixão cega, tudo que o outro faz é bonito, é melhor. Alguns chegam até a viver só a vida do outro, em casos extremos. Mas, a minha atual atenção está virada aos ex-apaixonados, sobre o que a gente se torna depois de uma paixão mal sucedida. Uns se isolam, outros se jogam no mundo, no entanto, todos mudam depois de uma paixão "rocheda"*.Paixão é neurose. Umas viram santa, outras viram puta. Cada um tem a sua forma de fugir do sofrimento. Eu, escolhi nada. Na verdade, eu tava/tô exausta de correr e chegar em lugar nenhum, tinha/tenho preguiça dos processos de iniciação no jogo. Eu, simplesmente, mudava de assunto e continuava correndo. Mas, correr também cansa e eu cheguei a um estágio que nem mais fugir eu queria/quero, eu só mudava/mudo de assunto mesmo. Inclusive, tô precisando mudar de assunto nesse exato momento. Não consigo! Acho que perdi minha pegada anacolútica. MUDA.

*em homenagem a Felipe-Souza-Rochedo huahahuahauahauhauahauahuah.