quarta-feira, 21 de abril de 2010

Sobra nada pra alguém

Eu poderia procurar alguém
Poderia, então, achar alguém
Tentar amar alguém
Ao menos, gostar
Eu poderia gostar de alguém.

Eu poderia me entregar a alguém
Dar chance a alguém
Segurar a mão de alguém
E esperar que não solte
Caminharmos além
Para o horizonte esperando alguém
e eu.

Mas, não quero
falar as poesias
os "eu te amo tanto"
as declarações mais lindas
ensaiados milhares de vezes no espelho.
Não quero que seja de alguém
O que foi feito pra você.

Eu poderia dar meu coração a alguém
Então, fazer poesias
ensaiar "eu te amo" e declarações pra alguém.
Mas, eu não tenho poder
sobre o que não é meu.
E meu coração,
muito "bregamente",
é seu
E você nem sabe
Ou não acredita.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Pra rimar com amor

Inconscientemente
Não gosto de versos brancos.
Sem que eu perceba
Faço rimas que não desejo
Tive chances de combinar
amor e estabilidade
amor e companheirismo
amor e felicidade
Mas, teimo em rimar
amor e dor.

Se não há dor
não há amor
pra combinar
ou rimar
com nada.
Amar é sofrer.
Amor que não dói
some.
Nem lembrado é.
MORRE.
E deixa nada.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Das duas, uma...

Morro de medo de descobrir
que tu és invenção minha.
Se teu cheiro é inventado,
Se tua voz é inventada,
Se teus olhos foram inventados,
Se o jeito que te moves é inventado,
Se todo este sentimento é inventado,
Se és vertigem,
Se a tua não-existência me anula...
Meu Deus!
Das duas, uma...
ou sou louca
ou sou poeira.

Inspirado pelo texto de 29/03/2010:

Não importa mais os que os outros possam pensar de mim. Os rótulos que possam me dar, deixei de me preocupar com isso desde que eu percebi que não há formas de te roubar pra mim. Ser agradável e politicamente correto não me ajudaria nada. Eu perderia vida, só. Ando morrendo pouquinho aqui, pouquinho ali. E não me importa que eu morra, um dia todos vão... todos caminham nessa, pra mim, longa estrada com o mesmo destino. Eu apresso o passo por não querer caminhar sem esperança de esbarrar na tua caminhada. Excedo por que sei que não me apoias, nem recriminas, não fazes nada, não pensas nada e só o que pensas me interessa. Não há mais nada! Nunca houve. Tenho pra mim que todo o filme rodando na minha mente foi vertigem, pode até ser que sejas vertigem, eu seja vertigem também! Lembrança viva de alguém vibrando no espaço, lembrança muito viva, morta sem ti - odeio ti-, lembrança que não morre pela vivacidade que alguém a deu. Lembrança de algo que não existiu, ou que existiu mas, não da forma que é lembrada. Então, se foste criado por mim que sou lembrança de alguém, tu não existes. Se pensar na tua não-existência me anula, como eu vou existir? Meu Deus! Meu Deus! Eu sou poeira.

domingo, 11 de abril de 2010

Despedindo-se pra nunca mais

Destrua seu corpo
Aproveite o máximo
de prazer
que a caixinha da sua alma
possa oferecer.

Embriague-se
Ponha a prova seu fígado
E a ética.

Drogue-se
Fique torpe
E viaje dentro de si.

Ame!
Ame todos.
Por fim, escolha alguém
E transe só com essa pessoa
Até o fim da sua vida.

Case-se
Tenha cinco filhos
Chame a primeira menina: Isabela
Lembre de mim
Toda vez que gritar por ela.
Peça a Deus pra sua Isabela
Nunca parecer comigo
Nem com você.

Morra!
Morra com a paz de ter vivido
Se destruído,
Se embriagado,
Se drogado,
Amado,
Casado,
Procriado
E sido tão bem amado
por Isabelas.

domingo, 4 de abril de 2010

Freud explica

Ponha-se exposto
Fale-nos da sua vida
Confesse seu gosto
Conte seus problemas
Peça-nos ajuda
Faremos o que pudermos
Pra acabar com seus medos.

Se não trouxermos a cura
Não fique assim!
Não queira a cura.
Ao menos satisfação terá
Não se envergonhe da sua libido
Viemos aqui pra escutar
Fazer
Sofrer
Pra amar
Dar prazer
A eles, a nós, a você.

Pergunte-nos
Temos todas as respostas
E todas as perguntas.

Encontre-se em cada um
Dentro de cada um
Dos nossos cada um
E se ainda estiver perdido
Pergunte-nos de novo
Também temos dúvidas
Então, encontre-se em nossas dúvidas
Pois, pras perguntas não respondidas...
Freud explica, baby.