quarta-feira, 13 de maio de 2009

O corte abriu

      "É incrível como o destino gosta de brincar com os sentimentos da gente. Eu deveria estar aqui sentada, assistindo mais uma aula tediosa de psicologia desde as 18:30, no entanto me atrasei. É, me atrasei. Fui à biblioteca entregar os livros que peguei semana passada e que a data limite era amanhã. Ainda me pergunto por que motivo eu resolvi entregá-los antes da data, ou por que justo hoje? Eu não usava-os desde a última sexta, pensei em entregar ontem, não fui. Fui hoje. Hoje! Se tivesse seguido minha rotina diária não o teria encontrado. Eu o vi. Depois de quase dois meses, vi os olhos sobre os quais já escrevi tanto. Preferia não ter visto. Passou por mim, não falou, acenou a cabeça. Sabe quando não temos intimidade com alguém? Encontramos esse alguém na rua e apenas acenamos com a cabeça, só pra não parecer rude, ou coisa do tipo. Ele acenou com a cabeça pra mim, como só me "conhecesse de vista". Ele me conhece/conhecia de tato, de cheiro. Doeu. Pensei que não doeria quando imaginava essa situação. Também imaginei que meus batimentos não acelerariam tanto como antes. Foi como uma ferida externamente sarada, que a gente pensa que já pode fazer tudo, esquece que faz pouco tempo e de repente, num movimento exagerado, o corte abre. Abriu. O corte abriu. Minha carne está exposta, outra vez. "  
(Luiza- 06/05/2009)

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