sexta-feira, 15 de maio de 2009

Coração-estúpido!

"Ontem, experimentei um sentimento novo, por alguém novo. Foi estranho sentir algo por uma pessoa que não fosse aquele outro (que não vem ao caso agora), é estranho aceitar que agora ele comece a não fazer mais parte de mim. Não queria perdê-lo, já havia perdido de fato, mas ainda estava em mim e o que está em mim, é meu. Aquele pedaço dele era meu e estava indo embora e doía pensar que a vida pudesse seguir assim: ele sem mim, eu sem ele. Provei uma dose de ciúmes, dessas bem fortes, bem amarga. Queria manter uma relação agradável com alguém, uma espécie de amizade-colorida, um amigo com quem eu pudesse satisfazer meus desejos e os dele. Perfeito! Arranjei uma companhia agradável, uma conversa agradável, que vezenquando acabava em surtos de luxúria e noites muito mais que agradáveis. Eu queria aproveitar tudo ao máximo pra tentar esquecer a decepção que tinha sofrido. Tudo foi águ'abaixo. Ontem mesmo, percebi que algo mais complicado ocorria dentro de mim, estraguei tudo. Droga de coração-carente! Ninguém pode dar um pouco de atenção e ele já se apaixona, agora tá assim: os-quatro-pneus-arriados. Eu já havia notado alguma coisa meio agitada. Até então, achava normal, afinal era uma pessoa que me trazia momentos bons e meu coração-idiota só tava feliz em vê-lo. Às vezes reparava a alegria dele, todo acelerado, e tentava disfarçar, calava, me mostrava indiferente, enquanto tentava convencer a mim mesma que tudo aquilo era "só bobagem". Bobagem, que nada! Tive vontade de bater na cadela que tava de conversinha e troca de olhares com o meu (é,meu!) amigo, ontem. Me peguei arquitetando planos de vingança, notei o ciúme. Sinal vermelho! Ciúme é perigoso. Só se sente ciúme por quem se gosta. Cheguei em casa e tive uma conversa bem séria com o meu coração, ele precisa botar os pés no chão e deixar de ser tão sentimental, tem que amadurecer, parar de viver essa adolescência que parece não passar. Sentamos na cama, ele acalmou-se, então, falei: "seu coração-besta-e-burro, quando vai aprender que você não nasceu pressas coisas de amor? Já tá pronto pra sofrer de novo? Se ao menos sofresse só, mas você me dói toda, da próxima vez, eu não te perdoo, te enfio uma faca, seu mané! Olha como você me deixa! falando sozinha de novo, coração-estúpido!"". 
(Luíza - 09/05/2009)

2 comentários:

  1. Não é Caio F.A. mas é ótimo...

    Não há grandes dores em grandes arrependimentos,
    nem grandes recordações.
    Tudo se esquece, até mesmo os grandes amores.
    É o que há de triste e ao mesmo tempo de exaltante na vida.
    Há apenas uma certa maneira de ver as coisas
    e ela surge de vez em quando.
    É por isso que, apesar de tudo,
    é bom ter tido um grande amor,
    uma paixão infeliz na vida.
    Isso constitui pelo menos um álibi
    para o despero sem razão que se apoderam de nós."

    (ALBERT CAMUS)

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  2. hahahaha o final do post foi a parte que eu mais gostei. tu é muito boa nisso bela. até parece uma historinha de ficção. mas eu bem sei que não é. agora só fiquei na curiosidade de saber que amiguinho é esse. e tá bom de vc parar com isso de anti-sentimentalismo, é pior ainda.

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