domingo, 27 de setembro de 2009

Aqui, aí, acolá

Vou colocar você no papel
pra que saia de mim
Embora não seja no papel que o quero.
Quero bem aqui.
Mas, meu “aqui”
Não é seu “aí”
E o meu “aí” não há
Pois, não tenho lugar no seu “aqui”.
Talvez, acolá, quiçá.
Já no meu aqui, o lugar é seu.
Todo seu
Esperando aqui
quentinho e quietinho.
Braços abertos
Peito aberto
Mãos frias e vazias
Do jeito que as deixou
E que já sentiu quentes e cheias
De desejo, um dia.
Às vezes,
Parece até que há um vestígio daquele seu perfume.
Sabe aquele?
Com toque amadeirado
Aquele que eu sentia na sua nuca
E depois, o gosto amargo na minha boca.
Reconheceria esse perfume
em meio a milhões de cheiros
e o gosto amargo
em meio a milhões de sabores amargos
doces, salgados, azedos.
Eu tentei achar o cheiro
Senti no ar
Aquele mesmo cheiro.
Mas, na pele, ele muda.
O gosto, na pele, também muda.
Descobri que não era do perfume.
O cheiro é seu, o gosto é seu.
Não posso achar o cheiro e gosto de alguém em outra pessoa
E me dói saber
Talvez, eu nunca mais sinta o cheiro e gosto dessa pele
Pior!
Você quer que outra os sinta.
Quer esquentar a mão de outra.
Na verdade,
Quer “uma” o sentindo,
Eu que sou a “outra”.

Vitória de Santo Antão, 27 de setembro de 2009.

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